terça-feira, março 22, 2005

O pecado mortal da democracia liberal

O que eu vou aqui escrever não deve ser nada de novo. Muitos antes de mim devem ter chegado a este conclusão. Mas foi algo que me apercebi no outro dia enquanto lia um jornal.

Apercebi-me de um erro crasso no funcionamento dos estados democraticos e liberais. Não me entendam mal, pessoalmente acredito que a democracia é a menos má das formas de governo que conhecemos. Não consigo sequer tolerar ideais em que a liberdade e igualdade dos cidadãos não seja o ponto fulcral. Contudo, temos uma pequena falha, derivada do funcionamento do nosso sistema capitalista:

A emprensa (ou para ser moderno os "media") começa por ser livre, sendo defensora de ideais justos e modernos. Mas como as empresas da comunicação social têm de dar lucro, tendem a formar grandes nucleos económicos. Quanto maiores são, mais poderosas são e quanto mais poder têm maior é a influência que têm sobre os estados democraticos, que são altamente sensíveis a pressões dos ditos "lobbies".
O problema é que nesta fase a emprensa tornou-se uma corporação poderosa, cujos ideais são bem diferentes, fugindo dos principios liberais iniciais para um direitismo progressivamente mais reacionário, à medida que o poder e o dinheiro se vão acumulando nos bolsos dos seus directores.
Na situação extrema, chegamos ao sistema americano, em que a emprensa se tornou tão rica e poderosa que são os prórios meios de comunição (primeiros impulsores dos ideias de igualidade e liberdade) a defenderem um estado fascista, que benefície os poderosos (grupo em que agora se incluíem os "media") ajudando-os a melhor espezinhar o homem comum. Vou-lhe chamar o princípio da "inevitável direitização da emprensa" que pode em última análise por em causa a existência de estados democraticos liberais, pois na fase final do seu crescimento, tal como as estrelas que implodem e se trasformam num buraco negro, os "media" acabam por finalizar a sua diabólica metamorfose, de pequenos pasquins de esquerda, a grandes informadores liberais, para poderosas corporações de direita e finalmente a maquivélicas máquinas de propaganda estatal para os governos fascistas que ajudaram a criar.

É um pouco assustador, não é? Agora comecem a ler com atenção as entrelinhas dos nossos principais jornais e televisões e vejam onde poderemos ir parar. O Paulo Portas começou no Independente a criticar um governo de direita... será preciso dizer mais alguma coisa?

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