sexta-feira, dezembro 31, 2010

Vamos enterrar 2010

Chegou a hora. O Kiribati já está a celebrar o ano novo, o Auld Lang Syne toca em em milhentas versões, quase tantas quantas as línguas faladas num planeta azul cada vez mais acinzentado. 2010 foi um ano miserável. Começou com terramotos e outras catastrofes catastróficas, continuou com mais do mesmo, na forma de decisões dos nossos governantes. Chegado ao fim, só nos resta enterra-lo. Enterra-lo bem fundo, esquecer que este ano sequer aconteceu, e acreditar que 2011, apesar de todos os prognósticos em contrário, poderá ser um ano melhor que este.
Let's burry it!

auld lang syne

quarta-feira, dezembro 29, 2010

A globalização do pimba Sueco

Já alguém reparou que as notas iniciais do "Mamma Mia" dos Abba tanto parece encaixar numa música do hip-hop mais negro, como na abertura de qualquer sucesso das muito portuguesas Doce?
Se não ouçam só:


É inquietante como o pimba sueco pode influenciar tanto o futuro da musica no planeta. E já nem falo nos infinitos samples de músicas dos Abba em músicos que vão da Lady Gaga e da Madonna aos mais sérios rockers. Parece que até no pimba a Suécia está muito à frente de Portugal... mas estou a ser injusto, estou apegar por algo que é particularmente mau em Portugal, e particularmente bom na Suécia!

terça-feira, dezembro 28, 2010

London Calling

Corria o ano de 1979 quando os the Clash lançaram "London Caling" uma música sobre os problemas sociais e ambientais da época, que incluíam o recente acidente nuclear de Three Mile Island, nos Estados Unidos, e os crescentes conflitos raciais e desemprego no Reino Unido. Na verdade isso não interessa nada, só coloquei aqui esta música porque nesta semana senti fortemente esse chamamento de Londres e decidi ir até lá passar a passagem de ano. Vai ser uma visita relâmpago de dois dias em que tentaremos ver o máximo possíve da cidade e dizer um sentido adeus e até nunca mais a 2010!

domingo, dezembro 26, 2010

Piscares de Olho - XVII

Geralmente, para fotografar aves como deve de ser é necessário material de qualidade. Boas máquinas, teleobjectivas potentes, duplicadores, etc. A alternativa são fotografias de pequenos pontinhos. Ainda assim, por vezes uma fotografia pode saír bem sem esse arsenal todo. Neste caso, os três pilritos que fotografei estão bem pequenos, mas a salina onde estavam ofereceu esta água calma e azul que funcionou muito bem como fundo, e deu o bónus dos reflexos que acrescenta muito interesse à foto. Tratam-se de três pilritos-comuns, pequenas aves limícolas que se vêm em Portugal durante o Inverno. estes três estavam numa salina do complexo de Vasa-Sacos, no estuário do Tejo, no já longínquo ano de 2005.

quinta-feira, dezembro 23, 2010

Ricky Gervais

Num blog estritamente não religioso como este, irei abdicar de qualquer menção à época natalícia, isso porque não faço aqui qualquer menção ao ramadhan do islão, ao yom kippur dos judeus, ao diwali dos sikhs, ao uposatha dos budistas ou ao navrati dos hindus. Só para dar alguns exemplos. Prefiro antes celebrar a racionalidade e a iluminação intelectual do ateísmo com este excelente monólogo do Ricky Gervais:


Se houvessem mais católicos a ler a Bíblia, talvez houvessem menos católicos no Mundo, talvez até um dia pudéssemos ter uma sociedade pacífica, liberal, democrática, justa e equalitária... Noutras palavras, o mundo sem religião sonhado pelo John Lennon, em que nos preocupávamos em resolver os nossos problemas em vez de passar a vida a perseguir fadas, santos, fantasmas, deuses, anjos, espíritos e afins!

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Música portuguesa

Portugal pode ter muitos defeitos. Posso começar pela classe política, corrupta e falsa, pelo povo auto-reprimido que gosta de votar/amar quem lhes bate mais, pelos empresários gulosos e de vistas curtas, ou pelo negativismo como principal religião nacional.
São coisas que nos prendem, que nos impedem de atingir aquilo de que realmente somos capazes. Foi sempre assim, ao longo da história, um povo esquizofrénio e bipolar, que foi sempre o seu próprio principal inimigo, um povo que soube estar frequentemente na vanguarda, mas que voltou sempre com demasiada facilidade à existência inutil de quem não sabe defender os seus direitos.

Podia escrever parágrafos e parágrafos sobre aquilo que podia estar melhor, mas hoje quero antes falar sobre algo em que somos bons, uma área que se mantém fértil em agradável novidades e em nomes feitos que merecem a devida reverência. Estou a falar da música nacional.
A música portuguesa é (felizmente) muito mais do que fado. Aliás, o fado não é sequer uma das suas vertentes mais interessantes, é antes, na minha opinião, uma faceta da música portuguesa que só atingiu o relevo que tem hoje através da sua cuidada glorificação pelo regime fascista de Salazar. Porque a música portuguesa é muito mais do que o lamento de coitadinhos do fadista, essa expressão tão pobre de definhamento nacional tão ao jeito das necessidades de governação e de exploração do povo da direita. Não quero com isto dizer que todo o fado é mau, muito pelo contrário. Tivemos e temos grandes fadistas e o fado teve um papel importantíssimo na divulgação de alguns dos nossos maiores poetas. Mas a música portuguesa é também alegria, é contestação, é animação.
Artistas como Sérgio Godinho ou Zeca Afonso dificilmente encontram rival mesmo além fronteiras. Não só a sua música, mas a sua atitude e rectidão foram e são exemplos para gerações inteiras. O rock português é riquíssimo em artistas que não se limitaram a copiar o que se fazia lá fora, e o pop nacional foi sendo polvilhado por nomes que, caso tivessem nascido noutro país ou cantado noutras línguas, teriam sido relevantes a nível mundial. Estou a falar de gente como Rui Veloso ou os Xutos e Pontapés, mas também dos Trovante, dos UHF, do António Variações, e mais recentemente dos Ornatos violetas ou dos Clã. A música portuguêsa acompanhou a evolução lá de fora e surgiu o hip-hop, com os Da Weasel a fazerem uma intrepretação muito portuguesa e interessante do género. A vertente mais africana do nosso passado colonial originou fenómenos com algum sucesso internacional como Sara Tavares ou os Buraka Som Sistema. Mais que todos estes, quem me motivou a escrever este texto foram algumas bandas recentes que me têm impressionado e muito pela positiva. Bandas que inovam mas se mantém fieis ao estilo muito particular dos bons músicos nacionais. Estou a falar sobretudo dos Deolinda, dos Virgem Suta, dos Diabo na Cruz e dos OrqueStrada. Existem outros mais, mas este quatro são os que mais me têm agradado ao ouvido ultimamente.
Finalmente, gostaria só de notar que esses programas televisivos de talentos, que parecem aparecer como cogumelos numa floresta húmida, pouco ou nada têm trazido de bom ao panorama musical português. São antes fábricas de falsos talentos, que atingem a fama por aparecerem na TV, muito antes de terem demonstrado o que quer que seja em termos musicais. Distraem o público daqueles que realmente merecem, e podem estar a criar toda uma geração de ouvintes de música que não sabe apreciar qualidade por estarem sobre constatemente bombardeio de música de fraquíssima qualidade que lhes é acenada como sendo boa...

domingo, dezembro 19, 2010

Piscares de Olho - XVI

Hoje o meu olho piscou em frente a uma imagem do Oceano Atlàntico junto ao Cabo Sardão, no sudoeste Alentejano. Agora que estamos a beira de entrar no inverno, na altura em que os dias diminuem até ao ponto em que o Sol radioso do nosso país parece ter feitos as malas e partido para parte incerta, trago-vos uma imagem de um solarengo dia de Verão. O mar parece perigosamente apetitoso, e a paisagem é esplendorosa. Fica aqui este piscar de olho para nos recordar a todos que, por mais frio que seja o Inverno, segue-se-lhe sempre uma Primavera e um Verão.
Agora seria bom que esta frase pudesse ser metafórica para os destinos do nosso país... mas aí não tenho tanta certeza da sequencia das estações. Os nossos governantes parecem esforçar-se por nos oferecer um Inverno eterno e, por incrível que pareça, 60% dos eleitores deste país preparam-se para lhes confirmar que é realmente o In(f/v)erno cavaquista que desejam para o nosso futuro próximo!

sexta-feira, dezembro 17, 2010

Abertura fácil...

Porque razão é que a esmagadora maioria das embalagem com sistema de abertura fácil são de abertura difícil?

domingo, dezembro 12, 2010

Piscares de Olho - XV

Esta borboleta é uma borboleta-monarca. Estas borboletas ocorrem sobretudo na América do Norte, mas podem visitar ocasionalmente a ilha da Madeira, local onde tirei esta fotografia à já alguns anos.
As borboletas-monarcas Danaus plexippus são famosas pelas migrações épicas realiadas por esta espécie. A migração dura três gerações, ou seja, a borboletas que regressam ao ponto de partida são netas das borboletas que iniciaram a viagem, uma longa viagem que as leva desde o norte dos Estados Unidos e Sul do Canadá, até à América Central, e novamente de volta ao norte da América do Norte.

sábado, dezembro 11, 2010

EuroMilhões

Se, tal como eu, estam na casa dos 30, vivem de empregos precários e à beira da miséria, são demasiado habilitados para ter um futuro neste país de terceiro mundo em que Portugal se está a tornar e não têm qualquer prespectiva de um futuro estável e de reunir as condições mínimas para formar uma família, recomendo vivamente que vejam este filme:
Talvez a solução seja essa, partir, sem destino, vaguear durante uns tempos por este mundo até encontrar algo que se torne, ou tenha ao menos a esperança de se poder tornar, num verdadeiro lar. Enquanto estão em Portugal, recomendo que joguem no EuroMilhões, a probabilidade de ganhar é de 1/18306086400, ainda assim substancialmente superior à chance de encontrar um emprego estável nesta pátria que, dia após dia, faz os heróis do passado mitológico, os Gamas, os Camões e os Cabrais, os Magalhães, os Albuquerques e os Dias, dar voltas e reviravoltas nos seus tumulos de orgulho pátrio!

sexta-feira, dezembro 10, 2010

Memórias de uma adolescência distante

NÃO pretendo gabar-me, mas a verdade é que percebi tudo sobre o futebol português no dia 21 de Setembro de 1994. Disputavam-se os últimos cinco minutos da segunda mão da final da Supertaça, no Estádio das Antas. Quem marcasse, ganhava. E o Benfica marcou. Custou um bocadinho, mas marcou. Lembro-me como se fosse hoje: Carlos Secretário, um especialista a fazer assistências para os adversários, isola de forma brilhante César Brito. César Brito remata para excelente defesa com as mãos de Baía, que se encontra dois metros fora da grande área. O árbitro, sr. Donato Ramos, observa rigorosamente a lei que se aplica em jogos no Estádio das Antas e manda seguir. Por sorte, a bola sobra para um jogador do Benfica chamado Amaral. Amaral chuta e José Carlos, defesa-central do FC Porto, introduz a bola na própria baliza. Golo. Nisto, o árbitro auxiliar, que naquela altura ainda se chamava bandeirinha, levanta a dita. No momento em que o jogador do FC Porto marca o autogolo, há um jogador do Benfica, a uns 15 ou 20 metros de distância, que está em fora-de-jogo posicional. Inteligentemente, Baía tinha saído da grande área para defender com as mãos o remate de César Brito, deixando depois este último em posição irregular. Golo anulado.

Ricardo Araújo Pereira in "A Chama Imensa"


Curiosamente, havia um vídeo no youtube com esta cena digna das melhores comédias de Hollywood, ou das melhores arbitragens do Estádio das Antas, mas foi removido por conflito com a Sportinveste Multimédia SA. Mas não à problema, quem quiser ver cenas semelhantes só tem de sintonizar semanalmente os jogos de um clube do Porto que tem à mais de 20 anos todos os árbitros portuuêses no bolso! Ainda no domingo a comédia foi do mesmo nível...

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Violência doméstica

Um dia, durante um concerto, Eddie Vedder explicou que esta música era dedicada à sua mãe e ao filho da p**a com quem ela se tinha casado. Betterman fala sobre uma mulher que vai suportando um casamento miserável, porque não consegue arranjar um homem melhor e prefere o actual marido à solidão. Ao ver as sondagens para as presidenciais, parece-me que o povo português sofre do mesmo problema. Temos um presidente miserável, mas parecemos preparados para continuar com ele porque achamos que não conseguimos arranjar melhor.
Tal como nos casamentos miseráveis, muitas vezes o que falta não é a sorte de encontrar alguém melhor, mas a coragem para assumir a derrota e começar de novo. O eleitorado português precisa de parar de se comportar como uma vitima de violência doméstica (que realmente somos, temos levado porrada todos os dias nos últimos 2 anos), tem de ganhar coragem, identificar o mal que nos assola, e dar o passo em frente. Quando chegar o dia das presidenciais, votem em quem quiserem, mas não votem no Cavaco! Parem hoje mesmo se ser uma vítima de violência doméstica e tomem controlo das vossas vidas!

terça-feira, dezembro 07, 2010

O fim da família?

Não é curioso que a direita trauliteira, aquela direita trauliteira que luta de garras e dentes contra o casamento homosexual e contra a liberalização do aborto, tudo em defesa da família e do seu papel central na civilização ocidental, é a mesma direita trauliteira que assinou por decreto o fim desse mesmo conceito de família ao advogar o neo-liberalismo económico mais selvagem, acabando com a estabilidade laboral, com a justiça social e, pior ainda, defendendo com as mesmas unhas e dentes o conceito de deslocalização do trabalhador que destroi definitivamente o tal conceito de família central ao paradigma social do Ocidente.
Já agora, vale a pena pensar nisto...

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Outro planeta?

Olho para Portugal e as únicas coisas que nos parecem esperar são o desemprego e a miséria. Olho para o resto da Europa e o panorama não é muito melhor... Olho para o resto do mundo e entre guerras, fome e miséria, desastres naturais e efeitos do aquecimento global, não parece haver nenhum refúgio realmente seguro e nenhuma prespectiva de um bom futuro. É nestas alturas que me sinto feliz por ainda não ter filhos.
A única solução parece ser emigrar para outro planeta...

domingo, dezembro 05, 2010

Piscares de Olho - XIV

No piscar de olho desta semana, apresento-vos uma fotografia algo etérea do meu amigo Bispo durante uma visita à igreja de S. Francisco em Évora. Como podem ver pela indumentária ele não é um bispo, é originário do Brasil, o único país do mundo onde um casal daria o nome de Marcelo Bispo de Jesus a uma criança. O Bispo estava de visita a Portugal e estava a apreciar o efeito dos vitrais que decoram algumas das janelas da igreja, eu aproveitei o efeito da luz que atravessava esses vitrais para tirar esta fotorafia de coloração psicadélica.

sexta-feira, dezembro 03, 2010

O grande três zero...

Não, não estou a falar de futebol, são mesmo 30 os anos que faço hoje. Estou oficialmente a ficar decrépito, mas vou continuar a enganar-me com as tretas do costume, de que a vida só começa realmente aos 30 e isso!
Na verdade, não se está nada mal com 3 décadas ás costas!!!

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Extinção

Extinção é uma palavra pesada. A extinção é como a morte, mas multiplicada por toda uma espécie. É o fim de toda uma realidade. Mas, tal como a morte, a extinção é um fenómeno perfeitamente natural, uma parte da história da vida. O único problema é que a humanidade multiplicou por mil a taxa de extinção das espécies que habitam o planeta.
O nosso consumo incessante dos recursos naturais do planeta tem levado a vida no planeta a entram numa crise só comparável ás grandes extinções em massa do passado, causadas por embates de meteoritos ou por grandes fenómenos vulcanico-tectónicos. Uma por uma, as espécies que habitam o planeta estão a desaparecer. Extinção seguida de extinção. Plantas, insectos, aves, mamíferos, até os fungos desaparecem a uma taxa alarmante.
Claro que todos ouvimos falar de espécies que se extiguiram, todos lemos os relatos dos dodós das ilhas mauricias exterminados pelos marinheiros portugueses, muitos já viram as imagens do último lobo-da-Tasmânia que morreu em cativeiro em 1936. Mais assustadores são os números, centenas, milhares de espécies têm-se extinto perante os nossos olhos ao longo dos últimos séculos. Mesmo assim, é dificil compreender o verdadeito significado de extinção.
Algo que me marcou bastante, no que respeita a este tema, foi ter tido o previlégio de ver espécimens de espécies extintas no Museu de História Natural de Amsterdam. Estive nesse museu em 2008, eu e alguns colegas estavamos a estudar a variação da plumagem do maçarico-de-bico-direito, verificamos que a espécie tem vindo a perder a coloração viva que os machos adquirem na época de reprodução, para isso precisavamos de analisar espécimens de museu, para comparar os indivíduos antigos com os modernos. Esse trabalho resultou neste estudo. Na altura fomos recebidos pelo Dr. Roselaar, que fez questão de nos mostrar algumas das preciosidades do museu, demasiado raras para estar presentes em qualquer exposição.
Tivemos a honra de ver a última quagga, uma espécie de zebra que se extingiu no século XIX, tendo o último exemplar morrido no Zoo de Amsterdam e sido preservado pelos taxidermistas do museu.
Vimos também um exemplar montado de arau-gigante, a ave que deu origem ao nome pinguim, apesar de não ser sequer um parente dos pinguins. Esta espécie também se extingiu no século XIX epoucos museus preservaram exemplares.

Ver os exemplares de perto, chegar mesmo a tocar na quagga, deu todo uma nova definição ao que é extinção. aqueles animais estavam ali, empalhados claro, mas já não existem. Foram eliminados, toda a sua espécie extinta pela forma egoísta e suicída como abusamos do único planeta de que dispomos para viver. A extinção é para sempre...

quarta-feira, dezembro 01, 2010

Chuva de sapos

Não sei se se trata de uma moda nova, ou de um fenómeno exclusivamente Alentejano, mas ultimamente vejo um sapo de porcelana em quase todas as lojas em que entro. Ele são os cafés no centro de Évora, nos supermercados e hipermercados, até nas bombas de gasolina. O mais surpreendente é que não se trata exclusivamente de uma questão de mau gosto, os sapos cumprem uma função profundamente xenófoba.
Ao que parece, a comunidade cigana tem um preconceito contra os sapos. O sapo é considerado pelos ciganos como símbolo de azar e discórdia e é uma superstição levada muito a sério. Para o povo cigano, o sapo simboliza o mal, trazendo o azar e infelicidade às famílias. Assim, os logistas e donos de café, pelo menos aqui no interior Alentejano, colocam sapos nas suas lojas e cafés porque preferem que os ciganos não entrem nas suas lojas.
Para além de uma descomunal demostração de xenofobia, este tema levanta algumas questões. Será que a PT usou a mesma estratégia ao criar a marca "sapo"? Nas feiras não existem carrinhos em forma de sapo? Porque razão o Sarkozy não começou ainda a construir enormes estátuas de sapos nas fronteiras francesas? E, finalmente, será que os adversários das equipas onde joga o Quaresma ainda não perceberam que o podem neutralizar com uma faixa por trás da baliza com um enorme sapo desenhado?
Agora a sério, parece-me assustador que as pessoas sejam assim tão xenófobas... será que este é um fenómeno apenas Alentejano ou está espalhado por todo o país, ou até internacional? Alguém me sabe responder a esta questão?

segunda-feira, novembro 29, 2010

FC Barcelona

Queria apenas deixar aqui uma nota do meu infinito prazer em ver a actual equipa do Barcelona jogar futebol. Esta equipa é muito mais do que um grupo de 11 homes a jogar á bola, o Barcelona de Guardiola é como uma sinfonia de Beethoven, como um quadro de Van Gogh. É uma obra de arte única e que ficará certamente para a história.
Acabei de ver o Barcelona não apenas vencer, mas esmagar, arrasar, demolir o seu arqui-rival Real Madrid. A equipa de Madrid pode ter um conjunto de estrelas caríssimas e o treinador mais caro do mundo, mas o Barcelona tem uma equipa, um conjunto de 11 homens que são muito mais do que a simples soma das partes. Ver o Barcelona jogar é como ver o mecanismo preciso de um relógio, como uma orquestra em perfeita afinação.
Aliás a comparação entre Barcelona e Real Madrid realça bem as virtudes da equipa catalã. Onde o Real Madrid tem um special one insolente e capaz de recorrer a todos os meios para atingir a vitória, mesmo que para isso tenha de destruir a beleza do jogo; o Barcelona tem um Guardiola que regozija com o futebol mais belo. Enquanto a estrela madrilista, Ronaldo, pensa unicamente em si próprio e na sua auto-promoção; a estrela do barça, Leo Messi joga para a equipa, capaz de abdicar de um golo para oferecer a bola a um colega em melhor posição, aliás partilha o lugar da ribalta com outros jogadores igualmente merecedores do destaque máximo, como Xavi ou Iniesta. Enquanto o Real Madrid é um conjunto de milionários a jogar à bola, o Barcelona é a equipa perfeita e por isso vale milhões.

Considero-me um privilegiado por viver no tempo em que jogou esta equipa. Por poder ver este hino ao futebol, por poder ver ao vivo e a cores aquela que ficará certamente para a história como a melhor equipa de todos os tempos. Visca Barça!

domingo, novembro 28, 2010

Piscares de Olho - XIII

No piscar de olho desta semana, a minha colega Angela demostra todo o seu afecto pelas aves com que trabalha. Neste caso um combatente capturado durante a migração em passagem na província holandesa da Frísia. Por trás pode-se ver a paisagem típica holandesa, horizontes planos, campos verdes e canais até perder de vista.
O combatente é uma ave límicola. Trata-se de uma ave migratória que inverna em África, a sul do Sahara e reproduz-se no norte da Eurásia, desde a Escandinávia até à tundra do norte da Rússia. Durante a época de reprodução, os machos, que são maiores e com uma plumagem vistosa que as fêmeas, formam leks, locais onde se exibem de forma a atrair um harém de fêmeas que de seguida fecundam. Esses são os machos dominantes, mas existem outros dois tipos de machos. Os machos satélites, de coloração branca, rondam os haréns dos machos dominantes auxiliando estes a atrair mais fêmeas e aproveitando distrações dos machos dominantes para fecundar algumas das fêmeas do harém. Finalmente, os machos faeder são quase idênticos às fêmeas, passando assim despercebidos aos machos dominantes, que até os podem tentar fecundar, aproveitando o seu aspecto camuflado para assim ter acesso às fêmeas.
Acabada a agitada actividade sexual destas aves, os machos (todos os três tipos) abandonam as áreas de reprodução e começam a migração para sul, deixando a cargo das fêmeas todo o trabalho de incubação e de protecção e alimentação das crias recém-nascidas.
Os machos desta espécie não só são combatentes, mas uns verdadeiros chauvinistas!!

sexta-feira, novembro 26, 2010

Terrible story...

Terns trapped and kept alive, sold fresh for food in Angola
Justine Braby is an ADU PhD student, based in Swakopmund. One of the Namibian newspapers, Die Republikein, has a column entitled "Dinge wat krap" (things that alarm/irritate). Justine found the following story in this column on 19 November 2010, together with this horrendous picture, taken by a resident of the northern Namibian town of Tsumeb.
The citizen reports: "This photo was taken a week ago in Tomwa, Angola, during a visit. These birds are Damara Terns Sterna balaenarum which are caught and sold by the local people. They use a baited hook on a fishline. The wings are broken and the birds are buried in the sand so that just the head sticks out. They are kept alive and sold later to eat. We saw other places along the coast where larger birds were caught for the same purpose. Absolutely tragic. I plan to report this to the authorities on my next visit to Angola." Although the birds in the picture were identified as Damara Terns most of them look more likely to be Common Terns. But we are fairly certain that there are some Damara Terns among them. Regardless of what species is involved this represents a serious conservation problem. A similar issue arose in Ghana about 20 years ago, and the problem there was tackled by establishing "wildlife clubs" at many villages along the coast. The Common Terns on passage southward along the Angolan coastline at this time of the year would be mainly from the Baltic Sea region, with the birds having bred in countries such as Sweden, Norway, Finland, Poland, Estonia, Lithuania, Latvia and Denmark. Damara Terns, in contrast, breed mainly along the desert coastline of Namibia. They don't breed along the shoreline, but several kilometres (up to 10 km) inland, so they can reduce the risk of predation from jackals, which patrol the coastline for dead and sick seals, and anything else they can scavenge. They breed from November to February, and the migrate north to spend the nonbreeding season in West Africa, in countries such as Ghana and Nigeria. So Damara Terns passing along the Angolan coastline now would be pretty close to their breeding destinations in Namibia.

This terror story was found here.

quarta-feira, novembro 24, 2010

Birds of the World

Decidi recentemente começar um novo blog. Não se trata de um blog generalista, como este. Não é também um blog pessoal. Trata-se de um blog informativo.
Decidi começar um blog sobre aves, um blog em que, diariamente, apresento uma das quase 10.000 espécies de aves que habitam o nosso planeta. Cada post corresponde a uma espécie, sendo apresentada uma fotografia da espécie (sempre rombada da net, eu sou contra os direitos de autor), seguida do nome comum da espécie em algumas das principais linguas europeias, inglês, português, francês, espanhol e alemão, da posição taxonómica da espécie, ou seja a ordem e familia a que pertence. Depois são apresentados alguns curtos parágrafos sobre a espécie, organizados da seguinte forma: tamanho, habitat, dieta, reprodução e conservação.
O blog é em inglês, para poder chegar a um público mais vasto e, como desse, está baseado num repto meu: uma espécie por dia. Tentarei ser o mais diverso possível, cobrindo espécies de todos os grupos de aves e provenientes de todos os continente. Até agora já cobri mais de vinte espécies, e consegui manter o ritmo diário. Vou tentar continuar assim.

Se acharem piada a estas coisas, não deixem de fazer uma visita... aqui.

Podem também seguir o blog no grupo que criei no facebook. Podem "gostar" aqui.

terça-feira, novembro 23, 2010

Greve Geral - 24/11/2010

Nada de desculpas, amanhã cabe a todos ir para a rua e mostrar que não, não vamos baixar os braços e deixar que nos continuem a enganar às claras. O sistema capitalista vai ruindo aos poucos, e quem paga a factura não são aqueles que enrriqueceram à custa dele, somos sempre nós, os que financiámos as suas fortunas.
Cada pessoa que baixa os braços é mais uma roda dentada na engrenagem que nos vai levar à miséria total. Vamos à luta!

segunda-feira, novembro 22, 2010

Capacidade de organização

"Uma parte essencial da saloiice indígena é a mania do prestígio. Ontem o DN falava da cimeira da NATO notando com grande satisfação que ela nos trazia grande prestígio. (...) Mas parece - dizem os peritos - que o mundo pasma com a nossa "capacidade" de organização, ainda por cima de um "evento" que "mudará o futuro próximo da humanidade". Para dona-de-casa não estamos mal.
A Expo-98 e o Europeu de Futebol de 2004, embora sem "mudar o futuro próximo da humanidade, o que foi uma pena, tinham a seu tempo mostrado essa nossa extraordinária vocação E mesmo hoje Portugal contínua ardorosamente à procura de um espectáculo qualquer que reforce e alargue a sua enorme fama de "receber bem", necessária como pão para a boca a um país que se preze. Consta, por exemplo, que vem aí o Mundial de Futebol e até (...) a Ryder Cup (uma espécie de campeonato de golfe). Só falta agora o pingue-pongue e o ténis, que se escondeu, talvez por modéstia, no Estoril. A única coisa que me espanta neste fulgurante currículo é que Portugal não use a sua "capacidade de organização" para se organizar a si próprio, uma coisa que certamente ninguém criticaria."
Vasco Pulido Valente in Publico, 20-11-2010


Como sempre, o Vasco Pulido Valente acerta em cheio na muche... Gostamos tanto de fazer figura que nos esquecemos que passamos a maior parte do tempo a fazer figuras tristes!

domingo, novembro 21, 2010

Piscares de Olho - XII

Para o piscar de olho desta semana, uma fotografia clássica do nosso país: os barcos rabelos ancorados no Douro, na parte baixa da cidade do Porto.

O barco rabelo é uma embarcação portuguesa, típica do Rio Douro que tradicionalmente transportava as pipas de Vinho do Porto do Alto Douro, onde as vinhas se localizam, até Vila Nova de Gaia - Porto, onde o vinho era armazenado e, posteriormente, comercializado.Sendo um barco de rio de montanha, o rabelo não tem quilha e é de fundo chato, com um comprimento entre os 19 e 23 metros e 4,5 metros de boca. A sua construção, de tábuas sobrepostas, tábua trincada, é nórdica, em comparação com a do Mediterrâneo.Com uma vela quadrada, o rabelo era manejado normalmente por seis ou sete homens. Quanto aos mastros, os primeiros só usavam um, enquanto que os segundos usavam também um mastro à proa. Para governo, utiliza um remo longo à popa – a espadela. Quando necessário, os barcos eram puxados a partir de caminhos de sirga por homens ou por juntas de bois.
O barco rabelo passou a ter a sua identidade bem definida, a partir de 1792, quando a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, publicou os alvarás e mais documentos que se relacionavam com a notável instituição pombalina. Nessa publicação, conhecida vulgarmente por "Leis da Companhia", encontram-se preciosas informações, referentes tanto ao barco como aos seus tripulantes, como ainda ao tráfego a que se destinavam.
Com a conclusão, em 1887, da linha de caminho-de-ferro do Douro e o desenvolvimento das comunicações rodoviárias durante o século XX, o tráfego fluvial assegurado pelos barcos rabelos entrou em declínio. Em 1961, no início do programa de aproveitamento hidroeléctrico do Douro nacional, apenas restavam seis barcos rabelos em actividade permanente.Actualmente, com uma actividade diferente, os rabelos são utilizados na famosa regata do São João a quando das festas populares da cidade do Porto, passeios no rio Douro (alguns organizados pela empresa turística Douro Azul) e outras iniciativas para recordar os seus tempos de glória.
Os barcos rabelos podem ainda hoje ser encontrados no Porto. Contudo são hoje, ao contrário de outros tempos, usados para o transporte de turistas com carácter lúdico e recreativo, sendo muito usados para atravessar o rio desde o Porto até Vila Nova de Gaia, local onde os turistas podem visitar algumas caves de vinho do Porto.

sexta-feira, novembro 19, 2010

Virgem Suta

Eu não costumo acompanhar muito as ultimas novidades musicais. Nos últimos tempos tenho-me apercebido do quão velho estou a ficar - por outras palavras, o meu rádio passa grande parte do tempo entre a Antena 1 e a M80. Talvez por isso este grupo me tinha passado despercebido até à poucas semanas atrás.
Começei a ouvir umas músicas muito giras, cantadas em português, com um agradável toque a lembrar Ornatos Violeta. A música é boa, a voz excelente. Quando ouvi um dueto com a Manuela Azevedo decidi finalemente explorar quem eram. São os Virgem Suta, uma banda de Beja composta por Nuno Figueiredo e Jorge Benvindo. São um excelente exemplo de que o panorama musical português está bem e recomenda-se!

Deixo-vos aqui com este "Linhas Cruzadas" dos Virgem Suta muito bem acompanhados pela Manuela Azevedo, num vídeo muito bonito alusivo ao Alentejo natal dos músicos...

quinta-feira, novembro 18, 2010

Banho de bola

Ontem fiquei literalmente sem palavras. Que banho de bola monumental que a selecção nacional deu à Espanha, no fundo apenas e tão somente o campeão mundial e europeu em título, a equipa formada em redor da dream team do Barcelona e melhorada com salpinhos de Real Madrid e de mais 3 ou 4 clubes de topo, que ainda há uns meses deslumbrou na África do Sul.
Tudo bem que era um amigável, mas logo nos primeiros minutos ficou bem claro que não se tratava de um jogo a feijões. Aliás, um Portugal-Espanha nunca foi e nunca será um jogo a feijões. A selecção à la Paulo Bento não só vence e convence, mas goleia também!
Portugal dominou practicamente o jogo todo, foi melhor, mais rápido, mais criativo e muito mais eficaz que a Espanha. Da equipa cinzenta, decepcionante e criminosamente sub-aproveitada de Carlos Queirós não sobra nem o mau cheiro. Ontem ficou provado que, ao contrário do que alguns analistas apregoavam, não falta matéria-prima nem talento à selecção de todos nós. Ficou provado que o erro foi um e só um, foi a contractação de um treinador que mais do que burro era um ignóbil imbecil que se achava, e continua a achar, um génio.
Removido esse tumor cerebral que afectava o rendimento da equipa, removidas as amarras impostas por Queirós aos talentos que alegram as nossas cores, Portugal soltou-se, recuperou a alegria e fez aquilo que sempre soube fazer melhor, jogar bem e dar espéctaculo. E que espectáculo! Do campeão mundial sobraram os restos de uma equipa que parecia acabada de ser trucidada por um comboio.

Este Portugal voltou finalmente a ser a equipa de todos nós. A equipa que nos emploga e que nos faz esquecer, por 90 minutos de cada vez, a crise e o cinzento-escuro-morte imposto pelos nossos governantes. Porque ontem deu para tudo, deu para o Ronaldo maravilhar apesar de ter jogado apenas 45 minutos, deu para Carlos Martins provar que é um titular indiscutível, deu para o Hélder Postiga bisar e até marcar um golo de calcanhar. Deu até para ver um golo mal anulado, uma obra de arte do Ronaldo que teria tornado o resultado ainda mais composto. Se 4-0 foi bom, 5-0 teria sido ainda melho! Aquela equipa que jogou ontem pode fazer frente a qualquer selecção do mundo. Agora só nos falta melhorar o gosto na escolha de equipamento... que raio de equipamento é este que os nossos rapazes têm de usar por estes dias?
A Paulo Bento a saudação devida. Não complicou o que era simples. Portugal é uma equipa simples de dirigir, basta não toldar os talentos e gerir as picardias. Os nossos jogadores são bons de genes, já nasceram ensinados. Basta-lhes, e basta-nos a nós também, um treinador equilibrado que não os impeça de fazer aquilo que tão bem sabem fazer.

Olé x 4!!!!

quarta-feira, novembro 17, 2010

Os meus 15 minutos...

O Portugal em directo visitou hoje a Estação Biológica do Garducho, o local onde está baseado o projecto em que trabalho de momento. A peça fala sobretudo sobre o edifício e as várias actividade que por lá se desenvolvem. Eu apareço a explicar o projecto e, embora eu não perceba grande coisa disso, também me cravaram para falar dos grous, aves que aparecem em números interessantes em redor do edifício.
Se me quiserem ver a disparar uns 30 "portantos" por segundo, podem espreitar aos 9 min 30 seg deste vídeo disponível no site da RTP:

Portugal em Directo - Informação - Especializada RTP 1 - Multimédia RTP



terça-feira, novembro 16, 2010

Censos de aves necrófagas - 2

Ontem e hoje foram novamente dias de censos de aves necrófags no SE de Portugal. Fomos para o campo, para as ZPEs do Vale do Guadiana e de Mourão-Moura-Barrancos e passamos dois dias agradáveis, ainda que por vezes frios, a observar uma quantidade impressionante de aves. As aves necrófagas propriamente ditas foram muitas, várias centenas de grifos Gyps fulvus, e vários abutres-pretos Aegypius monachus, águias-reais e imperiais (Aquila chrysaetus e A. adalbertii) e muito mais. Os dados ainda vão ter de ser revistos e analisados, mas terão sido identificadas 15 espécies de aves de rapina, a que se somaram ainda observações de Corvo Corvus corax, grou Grus grus e cortiçol-de-barriga-preta Pterocles orientalis.
Logo que os dados estiverem tratados, voltarei a este assunto.

René Cassin

René Cassin nasceu em Bayonne, França, a 5 de Outubro de 1887. Aluno brilhante no Liceu de Nice, Cassin estudou humanidades e direito na Universidade da Provença onde se doutorou em ciências políticas, económicas e jurídicas, em 1914.
Ao longo da sua carreira, Cassin foi advogado, professor, administrador e promotor. De 1909 a 1914 foi advogado no Tribunal de Paris, cargo que abandonou quando foi alistado na infantaria. Em 1916 foi gravemente ferido, tendo as mazelas do ferimento perturbado a sua saúde para o resto da vida. Nesse ano começou a ensinar direito.
Nos anos 20 ensinou em Lille e, em 1929, ocupou a cadeira de direito civil e fiscal na Universidade de Paris, cargo que manteve até à reforma. Ao nível académico, fez palestras em universidades de vários países e publicou inúmeros artigos, quase todos sobre os direitos do Homem.
Durante a segunda Guerra Mundial foi o responsável pelo ensino em França, funções que manteve depois da guerra. Durante as décadas seguintes manteve diversos cargos em instituições ligadas ao ensino e aos estudos jurídicos e diplomáticos.
Cassin passou pelo Conselho de Estado e pelo Conselho Constitucional, organismos com a máxima jurisdição legal em França. Em 1950, tornou-se presidente do Tribunal de Arbitragem de Haia e, em 1965, veio a presidir ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, em Estrasburgo. Outras das actividades de Cassin incluíram a participação em associações de apoio aos órfãos de guerra e aos veteranos de guerra deficientes. Entre 1924 e 1938 foi o delegado francês na Sociedade das Nações envolvido na comissão de desarmamento. Por várias vezes, foi delegado francês na ONU e, em particular, na UNESCO.
Cassin foi também um dos principais membros da Comissão dos Direitos do Homem da ONU, tendo tido um papel decisivo na preparação da Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovada pela Assembleia-Geral a 10 de Dezembro de 1948.
Em 1968 foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz, tendo falecido em 1976.

domingo, novembro 14, 2010

Piscares de Olho - XI

Para o piscar de olho desta semana, uma visita ao Estuário do Tejo. O Porto das Hortas é um pequeno recanto da Reserva Natural do Estuário do Tejo. Localizado bem próximo de Alcochete, é um ponto excelente para observar aves, sobretudo durante a maré-baixa, quando as águas do Tejo expõem os vastos bancos de sedimento ricos em invertebrados, atraindo grande quantidade e diversidade de aves aquáticas.
Sendo um velho ancoradouro, hoje sobretudo visitado por mariscadores que se enterram até à cintura no lodo em busca de lamejinhas e isco para a pesca, sobram ainda alguns velhos barcos, como este "Alvorada" que serve de sujeito principal nesta fotografia.

sexta-feira, novembro 12, 2010

Palavras sábias...

"Ao primeiro ou segundo dia todos nós apontávamos para os nossos países. Ao terceiro ou quarto dia estávamos a apontar para os nossos continentes. Ao quinto dia apercebíamo-nos de uma só Terra."
Príncipe Sultão Bin Salmon Al-Saud
(astronauta árabe saudita)

quarta-feira, novembro 10, 2010

Esperança Média de Vida em Portugal

Foi lançado recentemente o site Pordata, um site que se denomina a "Base de Dados do Portugal Contemporâneo" e que tem disponíveis e utilizáveis uma quantidade impressionate de dados estatísticos sobre o nosso país. Só para dar um exemplo, fui procurar os dados sobre esperança média de vida em Portugal e obtive estes dados que resumi no gráfico seguinte.
Como podem ver, a esperança média de vida tem aumentado consideravelmente, a uma taxa de cerca de 3% ao ano, estando em 2008 nos 75,8 anos para os homens e nos 81,8 para as mulheres. A boa notícia para os homens é que esta diferença tem vindo a diminuir, como se pode ver na linha do ratio. A diferença que já foi superior a 10% está agora nos 8% e a descer, sendo assim espectável que a prazo as esperanças médias de vida de homens e mulheres venham a aproximar-se cada vez mais. Aliás, considerando que a sociedade é cada vez mais equalitária, existem poucas diferenças sociais que justifiquem esta diferença na esperança de vida, como eram antigamente as guerras, os acidentes de trabalho ou os acidentes ao volante. Sobrarão sempre eventuais diferenças genéticas entre os dois sexos que tornem as mulheres mais passíveis de viver mais tempo.

segunda-feira, novembro 08, 2010

domingo, novembro 07, 2010

Piscares de Olho - X

O nascer e o pôr do Sol são as melhores formas que a atmosfera tem de nos dizer: "Atenção, eu estou aqui, posso parecer transparente mas sem mim não existiria vida na Terra. Aem mim não tinham o oxigénio para respirar, sem mim não tinham o azoto que as plantas usam, com a ajuda das bactérias, para produzir o vosso alimento. Como se tudo isso não bastasse, ainda vos ofereço duas vezes aos dia um espectaculo de luz e cor muito para além das capacidades dos vossos melhores artistas. Que tal um bocadinho de respeito, que tal pararem de me poluír com a vossa porcaria toda?"
Bem cedo pela manhã, ou ao final da tarde, os raios do Sol ainda escondido na curvatura da Terra, iluminam a atmosfera e enchem o céu de um tumulto de cores que vão dos tons mais vibrantes de vermelho ao lilás mais sereno. O piscar de olho de hoje apanhou um bando de gansos a voar ao pôr-do-Sol, sobre os campos serenos da Frísia, na Holanda. Falta à imagem o som dos chamamentos plácidos desses gansos, que completava o final de dia bucólico que aqui tentei apanhar.

quinta-feira, novembro 04, 2010

Hasta la victoria, siempre!!

Isso do povo unido contra o imperialismo capitalista é lá para o terceiro mundo, claro. Os portugueses estão tão bem na vida que apenas 12% planeiam participar na greve geral de 24 de Novembro. Sinceramente, somos uns merdas...

quarta-feira, novembro 03, 2010

Os dias do fim (da água)


O Mar de Aral constitui uma das mais gritantes provas vivas do atentado que a humanidade tem vindo a levar a cabo contra o planeta Terra. Este mar salgado interior, localizado entre o Cazaquistão e o Uzbequistão, na Ásia Central, chegou a ser o quarto maior lago do mundo, com uma área de 68.000 quilómetros quadrados.
Alvo dos planos de irrigação soviéticos, que desviaram os rios Amu Darya e Syr Darya para irrigar vastas áreas para produção de algodão, o Mar de Aral começou progressivamente a regridir a partir dos anos 60. Em 2007 o Mar de Aral estava reduzido a 10% da sua área original, estando agora dividido em três lagos menores. A salinidade da água aumentou de forma desatrosa, matando quase todos os seres vivos das suas águas e nas áreas que secaram formou-se um deserto salino, com vastos depósitos tóxicos, originados pela deposição de adubos e pesticidas químicos provenientes das plantações de algodão, que causam tempestades de poeiras tóxicas que causam problemas de saúde graves para a população local.
A catástrofe do Mar de Aral é um dos expoentes máximos da irresponsabilidade ambiental da União Soviética e um exemplo, repetido até à exautão pelos Estados Unidos e outras potencias ocidentais, dos malefícios do regime comunista soviético.
Claro que o regime soviético foi péssimo em termos ambientais, mas será que os outros países podem realmente crítica-lo, não terão também telhados de vidro bem ténue? Se não vejamos, os grande lagos americanos podem não ter secado, mas estão de tal forma poluídos que em vastas áreas a pesca está proibída por motivos de saúde pública. Alguns cadáveres de mamíferos marinhos que se aventuraram até essas águas ficaram de tal forma contaminados que têm de ser armazenados junto com outros resíduos industriais perigosos. Não são só os rios Amu Darya e Syr Darya que já não chegam ao mar. Rios como o Colorado e o Rio Grande, na América do Norte, como o Tigre, o Eufrates e o Jordão, no Médio Oriente, ou o Rio Amarelo, na China, secam antes de chegar à sua foz.
O constante desbaratar das reservas de água mundiais é hoje indiciado pela ONU como o maior problema humanitário e a mais provável causa de grandes guerras num futuro próximo. Litro a litro, gota a gota, a água vai-se esgotando. Nós continuamos a gastá-la e a poluí-la como se fosse eterna. Inevitavelmente vamos chegar a um dia em que este problema nos vai bater à porta, não de forma suave, mas com a força de um terramoto. Em África e em grandes partes da Ásia este problema já está bem evidente no dia-a-dia das populações, é só uma questão de tempo até nos afectar a todos.

segunda-feira, novembro 01, 2010

Fridtjof Nansen


Fridtjof Nansen nasceu a 10 de Outubro de 1861, numa localidade perto de Oslo. Em 1881 formou-se em Zoologia e no ano seguinte fez a sua primeira expedição à Gronelândia, para estudar focas e ursos polares. Nansen foi curador no Museu Bergen durante alguns anos e doutorou-se em 1888, na Universidade de Oslo.
Em 1888 voltou à Gronelândia para explorar o interior da ilha, ainda desconhecido. Em 1895 voltou a explorar as regiões polares, tendo estado mais perto do pólo do que qualquer explorador antes dele. Dedicou os anos seguintes a publicar as suas observações polares e tornou-se professor de oceanografia na Universidade de Oslo.
Em 1905, Nansen abandonou o seu cargo académico para defender a independência da Noruega, tendo sido o representante da jovem nação norueguesa no Reino Unido até 1908. Nos anos seguintes liderou várias expedições oceanográficas às regiões polares, mas com o início da primeira Guerra mundial, em 1914, voltou a sua atenção para as relações internacionais. Na conferência de paz de Paris, em 1919, foi um defensor da Sociedade das Nações e do reconhecimento dos direitos das pequenas nações e, a partir de 1920, foi o delegado da Noruega na Sociedade das Nações.
Foi Nansen que coordenou o repatriamento dos prisioneiros de guerra, tendo devolvido 450000 homens às suas nações e, em 1921, foi o primeiro Alto-Comissário para os Refugiados, posto em que criou o “passaporte Nansen” destinado aos refugiados sem pátria e ajudou a repatriar milhares de russos, arménios, assírios e turcos.
Em 1921 e 1922, a pedido da Cruz Vermelha, coordenou a ajuda humanitária na Rússia, processo que terá salvado 7 a 22 milhões de russos da fome. Em 1922 resolveu o problema dos refugiados gregos na Ásia Menor, num processo que envolveu a troca de mais de um milhão de refugiados gregos por cerca de meio milhão de turcos a viver na Grécia. No final de 1922 foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz pelo seu trabalho humanitário e diplomático. O seu último grande acto humanitário ocorreu em 1925 quando salvou o povo arménio da extinção, providenciando apoio para a criação de uma nação arménia.
Nansen faleceu em 1930 e foi a enterrar a 17 de Maio, aniversário da independência da Noruega.

domingo, outubro 31, 2010

Piscares de Olho - IX

Tirei esta fotografia na Suécia, em 2007. Trata-se de um carvalho (desconheço qual a espécie) e o início do Outono começava já a roubar o ver de às suas folhas. Sinceramente, não sei o que me fez escolher esta fotografia para este piscar de olho. Gosto, tão simples quanto isso. Espero que gostem também!


quinta-feira, outubro 28, 2010

Movimento Perpétuo Associativo


Alguns países têm problemas de auto-definição. Em França, por exemplo, tem-se debatido o que é ser francês e quanto esse conceito mudou devido aos actuais fluxos migratórios. A Bélgica debate-se há anos com a questão do que será um país em que metade da população é holandesa, a outra metade francesa, e nenhuma das duas sente qualquer vontade de pertencer ao mesmo pais que a outra, tudo sob o pouco auspicioso fundo de um reino com um rei de origem alemã.
Em Portugal não temos esse problema. Podemos ser neuróticos, auto-destrutivos e certamente maníaco-depressivos, com flutuações de humor constantes entre o orgulho pátrio exacerbado e o desejo de abandonar o país o mais depressa possível. podemos ser tudo isso, mas tudo isso é a pura definição do ser tuga. Somos tugas, somos isso tudo!
Poucas coisas nos definem melhor do que a eterna vontade de mudar e a eterna preguiça de fazer a mudança. Felizmente existem excepções, em casos extremos os nossos brandos costumes fervem no azeite quente que corre na veia da nação e damos uma estocada rápida nos problemas, de forma eficaz e muitas vezes impressionante. 1 de Dezembro de 1640, 10 de Outubro de 1910 e 25 de Abril de 1974 são bons exemplos disso. O momento actual é bem exemplo do quanto pode demorar o nosso azeite a ferver... o país precisa de mudança urgente, mas vamos adiando, deixando os problemas e aqueles que os causam ir andando. As expressões deixar andar ou ir andando são o expoente máximo do que é ser tuga. O vão sem mim que eu vou lá ter é um bom corolário. Talvez por isso existe um movimento na internet que defende que mudemos o hino nacional para a música "Movimento Perpétuo Associativo", dos Deolinda. Se ouvirem bem a letra, faz todo o sentido...

Agora sim, damos a volta a isto!
Agora sim, há pernas para andar!
Agora sim, eu sinto o optimismo!
Vamos em frente, ninguém nos vais parar!

(resposta:)
Agora não, que é hora do almoço...
Agora não, que é hora do jantar...
Agora não, que eu acho que não posso...
Amanhã vou trabalhar...

Agora sim, temos a força toda!
Agora sim, há fé neste querer!
Agora sim, só vejo gente boa!
Vamos em frente e havemos de vencer!

(resposta:)
Agora não, que me dói a barriga...
Agora não, dizem que vai chover...
Agora não, que joga o Benfica...
e eu tenho mais que fazer...

Agora sim, cantamos com vontade!
Agora sim, eu sinto a união!
Agora sim, já ouço a liberdade!
Vamos em frente, é esta a direcção!

(resposta:)
Agora não, que falta um impresso...
Agora não, que o meu pai não quer...
Agora não, que há engarrafamentos...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...

Vão sem mim, que eu vou lá ter...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...

terça-feira, outubro 26, 2010

Coupling

Coupling é uma série britânica, estreada em 2000, que passou no mítico espaço Britcom da RTP2. Trata-se de uma série hilariante que relata as desventuras amorosas e sexuais de 6 amigos, 3 homens e 3 mulheres. Grande parte da acção é passado no bar onde as personagens costumam ir beber uns copos, com passagem por vários quartos também. Grande parte dos episódios andam à volta de clichés sobre relações e sobre sexualidade, como o medo do compromisso, as inseguranças masculinas e femininas, a obsessão masculina por lésbicas, a preocupação com o tamanho do pénis (dos outros) e por aí fora. Apesar de os temas serem previsíveis, o resultado final é simplesmente hilariante, fazendo desta a melhor série cómica da BBC desde o tempo do Alô, Alô! Não é fácil ver um episódio completo sem rebolar no chão a rir!!
Felizmente, hoje é fácil ter acesso a séries antigas, pode-se fazer o download completo da série via torrent. Foram os 6Gb de downlad mais bem aproveitados que já fiz. Depois, é só recostar no sofá e aproveitar a galhofa para uns serões muito bem passados.
No espírito da série, aproveito para recordar um discurso da personagem Steve, sobre a evolução das tecnologias da comunicação e a sua motivação: o homem começou a desenhar para ter acesso a desenhos de mulheres nuas, mais tarde inventou a imprensa para ter poder imprimir mulheres nuas em larga escala, innventou a televisão para mais facilmente ter acesso a imagens de mulheres nuas... e finalmente inventou a internet, um arquivo quase infinito de mulheres nuas... numa frase, a evolução da humanidade!

segunda-feira, outubro 25, 2010

Fluviário de Mora


Ontem fomos até ao Fluviário de Mora. Muito mais do que um aquário, o fluviário é uma lição viva sobre os rios, sobre o seu funcionamento, sobre a sua função, sobre a sua extrema importância para a nossa vida e sobre as inúmeras ameaças que temos vindo a criar e que põe em causa a sua existência enquanto sistemas vivos.
No fluviário podemos ver diversos peixes da nossa fauna, desde as mais minusculas bogas até aos maiores barbos. Podemos também conhecer as várias espécies exóticas que têm vindo a ser introduzidas nos nossos rios e que põem em causa a sobrevivência da nossa fauna autoctone. Toda a exposição pretende também ilustrar os rios como um sistema dinâmico que se expande desde a nascente até à foz, mostrando a fauna que habita nas diferentes partes do rio, desde os pequenos peixes dos ribeiros de montanha até aos peixes marinhos que visitam os estuários, como as douradas ou s robalos. Mostra-nos também as espécies migradoras, os peixes anádromos que vivem grande parte da vida no mar e visitam os rios para se reproduzir, e os peixes catádromos, que vivem nos rios durante a maior parte da vida e vão ao mar para se reproduzir.
O fluviários tem ainda um casal de lontras asiáticas e umaq colecção de peixes de água doce de outras regiões, nomeadamente peixes da bacia do Amazonas, da bacia do nilo e dos grandes lagos africanos.
Tudo isto faz um excelente passeio de fim de semana para miudos e graúdos. Recomendo!

domingo, outubro 24, 2010

Piscares de Olho - VIII

O piscar de olho desta semana leva-nos até aos arrozais da Comporta, na margem sul do Estuário do Sado. Um arrozal não será à partida algo que nos sugira paisagens belas... enfim, os arrozais em socalcos no sudoeste asiático ou os arrozais indianos com os Himalaias ao fundo talvez sugiram paisagens mais edílicas, mas não um arrozal banal em Portugal. Neste caso as nuvens e a luminosidade natural de um pôr-do-Sol de inverno fizeram toda a diferença.
Este arrozal tem um significado especial para mim, pois foi uma das minhas áreas de estudo durante o meu doutoramento. Trabalhava então com aves migratórias, maçaricos-de-bico-direito que migravam entre a África Ocidental e a Holanda e paravam nos arrozais do Tejo e do Sado para reabastecer energias com sementes de arroz antes de continuar a sua viagem de milhares de quilómetros..
Este era um dos arrozais onde as aves paravam para comer. Foi também esta a fotografia que escolhi para capa da minha tese. Por falar nisso, a minha tese pode ser obtida clicando aqui. Infelizmente a versão disponível no site da universidade não inclui a capa...

sexta-feira, outubro 22, 2010

A planta que suporta meio mundo

Segundo modelos matemáticos da Universidade de Berkeley, a população mundial é neste exacto momento (22 Outubro 2010, 14:00) de 6.851.018.782 pessoas.
Alimentar uma população destas não é fácil, no entanto a produção agrícola mundial é actualmente suficiente para suprir as necessidades alimentares de todos estes milhões e milhões de bocas. As situações de fome e de sub-nutrição devem-se exclusivamente a problemas e injustiças na distribuição dos alimentos, sendo culpa dos nossos políticos e não dos nossos agricultores.
Entre as principais fontes de alimento, há claramente uma que se destaca. O arroz, uma planta originária do japão, onde é cultivado desde há pelo menos 7000 anos, consiste na verdade de 7 espécies vegetais do género Oryza, sendo a mais comum a Oryza sativa, pertencentes à familia Poaceae que engloba os cereais e outras gramíneas. Apesar de não ser a maior cultura agrícola do mundo, ficando em terceiro lugar atrás do milho e do trigo, o arroz é principalmente usado para a alimentação humana, ao contrário do milho e do trigo que são muito usados como ração para animais.
A produção mundial de arroz atinge os 660 milhões de toneladas anuais, estando mais 1,5 milhões de quilómetros quadrados cobertos por esta cultura em todo o mundo (dados FAOSTAT). A maioria dessa produção está concentrada na Ásia, que representa 86% da produção mundial. Foi estimado que 40% da população mundial, isto é qualquer coisa como 2,75 mil milhões de pessoas, tenham o arroz como principal fonte de energia, estando dependentes desta planta para a sua sobrevivência.
Da prózima vez que se deliciarem com um arroz de polvo, vale a pena pensar nisto...

segunda-feira, outubro 18, 2010

Censos de aves necrofagas e não só (cont.)

Como tinha escrito há dias, fizemos o primeiro censo de aves necrófagas no âmbito do projecto LIFE em que estou actualmente a trabalhar. Foram detectadas 13 aves de rapinas, sendo a mais abundante na região estudada o Grifo Gyps fulvus, que ultrapassou os 200 individiduos na ZPE de Moura-Mourão-Barrancos e os 140 individuos na ZPE do Vale do Guadiana. Entre as outras aves detectadas são de realçar os 7-10 abutres-pretos Aegypius monachus, os quase 20 butios Buteo buteo e as quase 10 águias-de-Bonelli Aquila fasciata e as 5-6 águias-reais Aquila chrysaetus. Foram ainda detectados milhafres-reais Milvus milvus, 1 milhafres-preto Milvus migrans, 1 aguias-cobreira Circaetus gallicus, 1 tartaranhão-azulado Circus cyaneus, vários peneireiros-cinzentos Elanus caeruleus e gaviões Accipiter nisus, cerca de 15 peneireiros-comuns Falco tinnunculus e 1 esmerilhão Falco columbarius.
Claro que neste conjunto não estão apenas aves necrófagas, mas as aves de rapina são um grupo de grande importância ecológica, por estarem no topo da cadeia alimentar e como tal serem essenciais para o equilíbrio do meio natural, sendo por isso importante recolher informação sobre a sua abundância e distribuição.
Foram ainda detectadas algumas aves de outros grupos, incluindo 4-7 cegonhas-negras ciconia nigra, vários corvos Corvus corax e mais de 40 alcaravões Burhinus oedicnemus.

domingo, outubro 17, 2010

Piscares de Olho - VII

Para o piscar de olho desta semana, um arco-íris. Os arco-íris são uma lição de física em si mesmos. A luz do Sol é divida em todas a cores que a compõem ao atravessar as gotas de água na atmosfera. Trata-se de um fenómeno óptico explicado pela dispersão da luz do Sol ao ser refractada pelas gotas de chuva. A luz sofre uma refracção inicial quando penetra na superfície da gota de chuva, dentro da gota ela é reflectida (reflexão interna total), e finalmente volta o sofrer refração ao sair da gota. O efeito final é que a luz que entra é reflectida numa grande variedade de ângulos, consoante o seu comprimento de onda. Assim, a cor violeta, de maior comprimento de onda, é refractada num ângulo maior, formando a parte interna do arco-íris, enquanto que o vermelho, com o menor comprimento de onda, forma a parte exterior. A sequência de cores no arco-íris é vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anis (ou índigo) e violeta.

Fotografei este arco-íris sobre o Workumerwaard, a minha principal área de estudo durante o meu doutoramento na Holanda. Trata-se de uma zona agrícola na província holandesa da Frísia, junto à margem do lago Ijsselmeer. O clima holandês, frio e húmido, é bastante propício aos arco-íris, mas ainda assim não fáceis de apanhar com a câmara. O resultado ficou bastante do meu agrado.