terça-feira, agosto 31, 2010

Putas políticas


Por vezes sentimos aquela dor estranha nas entranhas, aquela dor que só surge quando temos de engolir sapos em grande quantidade, ou quando sentimos que estamos a ir contra os nossos princípios, quando estamos a faltar ao respeito a nós próprios.
O meu ambientalismo militante, que foi desde pequeno uma parte importante de quem sou, fazem-me ver com maus olhos conduzir muitos quilómetros de automóvel, fazem-me pensar em taxas de emissão de gases poluentes e em pegadas ecológicas enormes.
hoje conduzia para o meu local de trabalho, que é de momento no meio do nada, algures no Alentejo profundo e pensava que ando a fazer em média pelo menos 2000 km por mês, só para poder chegar ao local de trabalho, que alguém decidiu ser nesse local refundido. A pegada ecológica dessas deslocações começam a pesar na tal dor nas entranhas (já para não falar na minha carteira, porque ninguém mas paga!) e não há nada que eu possa fazer para melhorar isso, pois é-me impossível viver mais próximo do local de trabalho, até porque a base de operações da entidade que me emprega fica a menos de 1 km de casa, eles é que me querem num local a 100 km de distância...
A parte curiosa é que eu não vendi os meus princípios a peso de ouro, em troca de um ordenado principesco numa grande companhia. Não, aparentememte vendo-os todos os dias em troca de um ordenado de miséria a trabalhar para uma ONG de cariz ambientalista... É que se temos de ser uma puta, ao menos que sejamos uma das finas, mas neste caso não passo de uma puta pobre, das que se vendem aos camionistas à torreira do Sol em plena N1.
Alguém tem por aí um emprego na região de Évora? Já nem peço que seja bem pago, basta que me poupe o combustível e as dores de alma de fazer 400 km por semana!

Cada vez me convenço mais que Portugal é o país do contrário, onde tudo é o seu oposto...

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