segunda-feira, setembro 06, 2010

O mensageiro


O mundo em que vivemos é profundamente injusto. As parangonas capitalistas tentam convencer-nos, a nós papalvos, que o livre mercado é a melhor forma de garantir a igualdade de oportunidades para todos. Que o nosso sucesso e o nosso bem-estar são função unicamente da nossa capacidade individual, da nossa inteligência e do nosso empreendedorismo, este último visto pelo sumos-sacerdotes da religião ultra-liberal como o dom maior do ser humano.
Felizmente não somos assim tão estúpidos, não somos assim tão parvos. Temos meio palmo de testa e sabemos que vivemos num mundo profundamente injusto. As oportunidades não podiam ser mais desiguais, a qualidade de vida depende quase exclusivamente do local e do momento do nosso nascimento. Quem nasce no Haiti ou na Somália nunca poderá ter a qualidade de vida de quem nasce na Suécia ou no Canadá. Mais do que isso, um génio nascido no bairro pobre de uma grande metrópole europeia ou norte-americana dificilmente poderá um dia ter as mesmas oportunidades que um imbecil nascido no bairro rico. Mas as diferenças mais injustas, essas são as que distinguem o "primeiro" mundo do "terceiro" mundo. Diferenças construídas ao longo de séculos de imperialismo e de exploração constante, diferenças edificadas sobre um passado de violência e de escravidão. Diferenças mantidas no lugar por tratados internacionais e dívidas externas.
Talvez por tudo isto, e por tudo isto ser hoje tão ou mais verdade do que o era no seu tempo, Bob Marley continua hoje a ser o mensageiro, uma voz que se ergueu desse mundo, que dizemos "terceiro", para mostrar ao mundo, ao que é completo, primeiro segundo ou terceiro, qual seria o caminho da justiça e da igualdade. Chamaram-lhe mensageiro os Yes, no seu clássico "The Messenger". Chamo-lhe mensageiro eu, de cada vez que ouço uma das suas músicas a soar no rádio.
Porque ele levantou a voz contra as injustiças, fez do seu talento um hino pela união e pela luta contra as desigualdades. Convidou-nos a unir esforços, a lutar pela felicidade. Intimou-nos a ser felizes, na companhia uns dos outros.

No bullet can stop us now, we neither beg nor we won't bow;
Neither can be bought nor sold.
We all defend the right; Jah - Jah children must unite:
Your life is worth much more than gold.

In "Jammin'"

Got to put aside them segregation, yeah!
Got to put aside them organization;
Got to put aside them denomination.

Got to come together
We are birds of a feather;
We got to come together
'Cause we are birds of a feather;

We also got to realize we are one people, yeah!
Got to realize that we are one people, yeah!
We got to realize we are one people,
Or there will never be no love at all -
There will never, never, never be no love at all.

In "One Foundation"

We're sick and tired of your ism-schism game
To die and go to heaven in Jesus' name
We know and understand
Almighty God is a living man
You can fool some people sometimes
But you can't fool all the people all the time
And now we've seen the light
We gonna stand up for our rights

Get up, stand up
Stand up for you rights

In "Get up, Stand up"

Emancipate yourselves from mental slavery
None but ourselves can free our minds

In "Redemption Song"

Remember on the slave ship
How they brutalised their very souls
Today they say that we are free
Only to be chained in poverty

Good god, I think it's all illiteraci
It's only a machine that makes money

In "Slave Driver"

The man oppressed will seem to do the worst
But with all he possesses self preservation comes first
His damnation comes not from burning free
As destruction of the poor is their poverty, is their poverty

In "The Oppressed Song"

Until the philosophy which hold one race
Superior and another inferior
Is finally and permanently discredited and abandoned
Everywhere is war, me say war

That until there are no longer first class
And second class citizens of any nation
Until the colour of a man's skin
Is of no more significance than the colour of his eyes
Me say war

That until the basic human rights are equally
Guaranteed to all, without regard to race
Dis a war

In "War"

Never make a politician grant you a favour;
They will always want (aaa-aaah) to control you forever, eh!

In "Revolution"

Algumas letras têm tanto de pacifista como de apelo à luta, mas não nos devemos iludir, só pela luta, inclusivamente pela a luta armada, se necessário, se pode começar a construir um mundo melhor. E de cada vez que nos calamos quando enfrentados com a injustiça, de cada vez que aceitamos o inaceitável só porque é mais confortável, estamos a por mais uma pedra na sólida muralha de injustiça que nos cabe a todos destruir.

Acima de tudo, Marley tentou mostrar que só o optimismo nos pode ajudar a tornar este mundo um lugar melhor...

Rise up this mornin',
Smiled with the risin' sun,
Three little birds
Pitch by my doorstep
Singin' sweet songs
Of melodies pure and true,
Sayin', ("This is my message to you-ou-ou:")

Singin': "Don't worry 'bout a thing,
'Cause every little thing gonna be all right."
Singin': "Don't worry (don't worry) 'bout a thing,
'Cause every little thing gonna be all right!"

In "Three Little Birds"

So to the rescue, to the rescue, to the rescue
Awake from your sleep and slumber
Today could be your lucky number
Sun is shining and the weather is sweet

In "Sun is Shining"

Ev'rything's gonna be alright
In "No woman no Cry"


Não querendo misturar alhos com bogalhos, acho que não ficaria de todo mal acabar com a frase mítica de Guevara: Hasta la victoria siempre!

Sem comentários: