quarta-feira, novembro 03, 2010

Os dias do fim (da água)


O Mar de Aral constitui uma das mais gritantes provas vivas do atentado que a humanidade tem vindo a levar a cabo contra o planeta Terra. Este mar salgado interior, localizado entre o Cazaquistão e o Uzbequistão, na Ásia Central, chegou a ser o quarto maior lago do mundo, com uma área de 68.000 quilómetros quadrados.
Alvo dos planos de irrigação soviéticos, que desviaram os rios Amu Darya e Syr Darya para irrigar vastas áreas para produção de algodão, o Mar de Aral começou progressivamente a regridir a partir dos anos 60. Em 2007 o Mar de Aral estava reduzido a 10% da sua área original, estando agora dividido em três lagos menores. A salinidade da água aumentou de forma desatrosa, matando quase todos os seres vivos das suas águas e nas áreas que secaram formou-se um deserto salino, com vastos depósitos tóxicos, originados pela deposição de adubos e pesticidas químicos provenientes das plantações de algodão, que causam tempestades de poeiras tóxicas que causam problemas de saúde graves para a população local.
A catástrofe do Mar de Aral é um dos expoentes máximos da irresponsabilidade ambiental da União Soviética e um exemplo, repetido até à exautão pelos Estados Unidos e outras potencias ocidentais, dos malefícios do regime comunista soviético.
Claro que o regime soviético foi péssimo em termos ambientais, mas será que os outros países podem realmente crítica-lo, não terão também telhados de vidro bem ténue? Se não vejamos, os grande lagos americanos podem não ter secado, mas estão de tal forma poluídos que em vastas áreas a pesca está proibída por motivos de saúde pública. Alguns cadáveres de mamíferos marinhos que se aventuraram até essas águas ficaram de tal forma contaminados que têm de ser armazenados junto com outros resíduos industriais perigosos. Não são só os rios Amu Darya e Syr Darya que já não chegam ao mar. Rios como o Colorado e o Rio Grande, na América do Norte, como o Tigre, o Eufrates e o Jordão, no Médio Oriente, ou o Rio Amarelo, na China, secam antes de chegar à sua foz.
O constante desbaratar das reservas de água mundiais é hoje indiciado pela ONU como o maior problema humanitário e a mais provável causa de grandes guerras num futuro próximo. Litro a litro, gota a gota, a água vai-se esgotando. Nós continuamos a gastá-la e a poluí-la como se fosse eterna. Inevitavelmente vamos chegar a um dia em que este problema nos vai bater à porta, não de forma suave, mas com a força de um terramoto. Em África e em grandes partes da Ásia este problema já está bem evidente no dia-a-dia das populações, é só uma questão de tempo até nos afectar a todos.

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