segunda-feira, janeiro 17, 2011

Gostaria de partilhar aqui este excelente texto de São José Almeida, no Publico de ontem, sobre a demagogia galopante do candidato Cavaco Silva:


"A coerência é uma característica humana tida como louvável. E na política ela é mesmo apontada como imprescindível. Pelo menos, era assim de acordo com as características e as regras da vida política e democrática, antes da cedência dos políticos à facilidade do mediatismo e da política consumista conduzida por critério publicitários de manipulação das pessoas. Cedência essa que potenciou o populismo e a demagogia e que leva os políticos a dizerem não importa o quê, o mesmo e o seu contrário, desde que isso renda votos.

E é lamentável ver como Cavaco Silva, que é um dos mais preparados e experientes políticos portugueses da democracia, que determina a vida política há 25 anos, ceder como tem cedido ao populismo nesta campanha eleitoral em que tenta a sua reeleição. Depois de ter cavalgado a onda dos protestos dos professores, depois de se ter juntado à causa dos agricultores – ele que negociou a formatação da agricultura portuguesa à Comunidade Europeia -, depois de ter acenado com o fantasma da crise política – quando desempenhou um primeiro mandato a distanciar-se de dramatizações políticas -, decidiu agora criticar os cortes salariais da função pública e considerá-los injustos. Injustos porque há “largos milhares” de pessoas que não sofrem a medida, isto é, os trabalhadores do sector privado. Além de que “não foram pedidos sacrifícios a outras pessoas com rendimentos muito maiores”.

Ora o que é espantoso é que o Cavaco Silva candidato é o mesmo que há cerca de um mês se vangloriou de ter promovido o acordo entre José Sócrates e Pedro Passos Coelho, mediado pelo seu amigo Fernando Catroga, que possibilitou a aprovação do Orçamento do Estado para 2011 em que esses cortes salariais são decretados. De facto é lamentável ver um político com história e um estadista ceder ao facilitismo pela caça ao voto."



Eu não lhe chamaria um estadista, que ele nunca o foi, nem nuna o irá ser... mas esse senhor, que se auto-vangloriza pela sua suposta honestidade e rectidão, parece cada vez mais próximo do registo demagogo e populista de Berlusconi!!

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