quinta-feira, setembro 22, 2011

Escolhas


Esta pequena reflexão não é original, nem trás nada de novo ao tema, mas continua a ser algo que me ultrapassa. Não compreendo porque aceitamos este retrocesso, porque aceitamos voltar ao tempo do feudalismo... bem, mas talvez seja melhor explicar primeiro de que estou a falar!

Eis a simples questão. Aquilo que o actual governo, e que para todos os efeitos os últimos 3 ou 4 governos da república nos têm para nos oferecer é algo que se resume a isto: pagar mais impostos por menos serviços. A taxa fiscal tem subido em flecha, para compensar determinados gastos, que, nos dizem eles agora, estão para lá das nossas possibilidades. Para corrigir as contas cortam nos serviços que nos são devidos e que são o motivo para existir um "estado", sobretudo a educação, a saúde, a justiça e a segurança, quer física, quer sócio-económica. Ou seja, caminhamos a passos largos para um sistema em que pagamos muito mais impostos, para receber muito menos, ou nenhuns, serviços em troca.
Impõe-se então a questão. Nestes moldes, para que serve o estado? Para que andamos nós a pagar impostos? Na Idade Média, nos tempos das sociedades feudais, os poderosos exigiam pagamento de impostos porque sim, inventando várias desculpas, geralmente ligadas a um pretenso direito divino de dominar os seus inferiores. Gastavam esse dinheiro para se rodearam de luxos e riquezas, ou para estourar em guerras contra os seus rivais de estimação. Mas o mundo evoluiu e surgiu o conceito de contracto social. O povo paga impostos, para receber em troca serviços prestados pelo estado.
Agra veja-mos a nossa situação. As grandes empresas que prestavam serviços básicos, como a água, a energia ou as telecomunicações estão a ser uma a uma vendidas a privados. A educação e a saúde são cada vez mais um luxo para quem é rico, e a própria justiça é cada vez mais cara. Os nossos impostos não são gastos nem para melhor equipar as forças de segurança, nem para garantir melhor segurança social para quem dela necessita. Resumidamente, parece-me que voltamos ao feudalismo medieval, mas com um pequeno twist, agora damos dinheiro ao estado, para ele o oferecer ao banqueiros e às grandes empresas, para os seus donos e gestores se rodearem de luxos e riquezas, e para armarem as suas guerrinhas uns com os outros.
Ora a solução parece óbvia. Aliás, acidentalmente a Bélgica tem vindo a testar essa solução, com resultados muito positivos. Acabe-se com o estado. Se não vamos receber serviços em troca, não vejo motivo para continuar-mos a pagar por eles.

Claro que a solução não é acabar com o estado, tal seria oferecer o país de mão beijada ao mais selvagens dos capitalistas. A solução é outra, livremo-nos deste estado. Do estado que não serve, mas apenas absorve. Expulse-mos os ultra-liberais e outras criaturas que como eles têm as mãos dos empresários tão enfiadas pelo cú acima que quase lhes sai um dedo ou dois pela boca. O que precisamos é de devolver o poder ao povo. Lembram-se? A tal democracia, o poder do povo, pelo povo e para o povo. Quanto mais depressa acabar-mos com a mama, quanto mais depressa tirarmos do poder aqueles que querem dar tudo aos que já têm tudo, quanto mais depressa voltar-mos a seguir o caminho da igualdade e da justa divisão da riqueza, menos dolorosa será a transição. Pois esta mudança é inevitável, a questão é se a faremos pacifica e racionalmente, ou se teremos de ver o mundo cair na selvajaria antes de voltarmos a viver em paz e prosperidade. É a escolha que nos assiste neste momento da História. Só temos de a fazer...

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