segunda-feira, janeiro 02, 2012

Marley & Me

Ontem vi o filme "Marley & Me", um filme sobre uma família e sobre o seu cão, que podia às vezes ser o pior cão do mundo, mas que, como a esmagadora maioria dos cães, era um ser humano infinitamente melhor do que qualquer um de nós, geneticamente humanos, alguma vez conseguiremos ser. Aquele cão foi um dos principais alicerces da sua família e uma parte integrante da sua felicidade.
Pessoalmente, sempre senti muito mais empatia para com os animais do que para com as pessoas. Penso que isso se deve ao facto de nós humanos, sempre tão cheios de palavras belas sobre a natureza extraordinária da nossa espécie, sobre a nossa inteligência, a nossa moral, os nossos bons costumes, sermos mais frequentemente mesquinhos, pequenos e muitas vezes simplesmente maus. Andamos a destruir o nosso planeta, mas preferimos focar-nos no nosso bem-estar em vez de tomar pequenos actos na direcção de mudar aquilo que fazemos mal. Preferimos explorar os outros só para nos podermos rodear de luxo e de coisas bonitas e brilhantes que, naquilo que realmente interessa, nada valem. Construímos uma sociedade assente na ganância e no desprezo pelo próximo.
Já os animais, tão estúpidos e desprovidos de "alma", limitam-se a cumprir o desígnio para que a Natureza os gerou. E nos intervalos, quando entram em contacto connosco de forma mais próxima, como o fazem cães, gatos ou alguns primatas, mostram-se infinitamente mais carinhosos e compreensivos do que a esmagadora maioria dos humanos, e mostram simplesmente desconhecer o que é ser mau.
Talvez por isso chorei no final do filme quando o Marley morreu, apesar de ter felizmente morrido da forma mais bonita possível, velhinho e acompanhado pela sua família de duas patas. Falta aqui referir que o Marley existiu mesmo na realidade, e que o filme se inspirou numa coluna de jornal que o seu dono manteve ao longo dos seus anos de vida comum com o Marley. É por isso que acho merecer ser aqui reproduzida uma frase escrita pelo dono do Marley, e autor da referida coluna, o jornalista John Grogan, a quando da morte do seu fiel amigo:

"Um cão não precisa de carros desportivos, casas enormes ou roupas de marca. Símbolos de status não significam nada para ele. Um pau encharcado é o suficiente para o fazer feliz. Um cão não julga os outros pela sua cor, credo ou classe, mas antes pelo que cada um é no seu interior. Um cão não quer saber se somos ricos ou pobres, educados ou analfabetos, espertos ou estúpidos. Dêem-lhe o vosso coração e ele dar-vos-á o seu. Na verdade é muito simples, mas nós humanos, tão mais inteligentes e sofisticados, sempre tivemos dificuldade em distinguir o que realmente interessa daquilo que nada interessa. Quando me despedi do Marley, percebi que estava tudo mesmo ali à frente dos nossos olhos, se nós apenas os abríssemos. Por vezes é necessário um cão com mau hálito e maneiras ainda piores, e com intenções puras para nos ajudar a ver."


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